O tempo passa (e cada vez mais rápido) e chegamos de novo à fase do mês em que eu me torno uma pessoa chata, chorona, insuportável e repetitiva.
Resolvi não ficar falando no assunto com as pessoas próximas a mim. Também porque elas não devem aguentar mais, mas principalmente porque eu não aguento mais as respostas otimistas quando eu estou na fase de arrancar os poucos cabelos que eu tenho.
Mas não falar não significa não pensar no assunto. Então, eu escrevo aqui e canso a minha terapeuta uma vez por semana.
Posso começar?
Quando a Samantha do The Sex and The City teve câncer, eu não me lembro se ela precisou retirar o seio, mas lembro que teve toda uma discussão sobre como esse tipo de câncer afetava a auto-estima da doente como mulher. Tratando-se de um seriado, achei tudo meio exagerado, mas é um problema real para muitas mulheres.
Vou usar esse exemplo para traduzir o que eu sinto por não conseguir engravidar. As fêmeas de todas as espécies foram criadas para reproduzir. Essa é a função principal da fêmea. Exagero meu? Pode ser, mas não é à toa que se fala tanto em instinto materno.
Então, a cada tentativa frustrada de gravidez, eu me sinto menos mulher. Eu me sinto menos digna também. Olho ao meu redor e parece que só vejo mulheres grávidas de todos os tipos. Todas menos eu. Por mais que eu tente me apegar a Deus, até o consolo de que Deus sabe o que faz, me faz sentir menos merecedora.
Eu nunca vi nenhum livro falando sobre esse tema. Porque eu sou assim, eu preciso de livros para tudo. Um grupo de apoio também seria interessante. Não quero mais participar dos grupos da internet porque também já sei o que vão me responder nesta fase triste. Não quero consolo, quero só desabafar.