Projetada por Ramos de Azevedo, a Casa das Rosas retrata o morar na cidade no início do século 20
Perfumada como ela só. Desde a década de 30, quem passa pelo número 37 da Avenida Paulista é agraciado com o cheiro das rosas em flor, no jardim que era a paixão de Lúcia Ramos de Azevedo (filha do arquiteto) e seu marido, o engenheiro Ernesto Dias de Castro. Tombada como patrimônio histórico em 1985, a Casa das Rosas oferece programação especial neste início de ano, com visitas gratuitas monitoradas em que será possível conhecer a história de seus cinco andares e três dezenas de cômodos. "O prédio representa um momento de virada na arquitetura paulistana", conta Carlos Fernando Coelho Nogueira, assessor de comunicação visual da Casa das Rosas e também arquiteto.
No início do século 20, a Avenida Paulista era dominada pelas mansões dos barões do café, de pórticos largos e grandes volumes. Os lotes das casas eram generosos: iam até a Alameda Santos, paralela à Paulista. A Casa das Rosas, que ocupa 1.500 m², era fruto do dinheiro novo, presente de casamento do arquiteto Ramos de Azevedo para a filha Lúcia, que se unia a um engenheiro ligado ao abastecimento de gás na cidade. Bem por isso, os interiores da casa não revelam apenas uma planta compartimentada, mas uma construção concêntrica, mais burguesa, menos mansão que as vizinhas, porém com luxos idênticos, como uma edícula onde morava o motorista da família, acima da garagem para três carros, e uma saleta usada exclusivamente pelos homens da casa para receber o barbeiro.
Ousadia daqueles tempos modernos, possuía um subsolo com casa das máquinas para o elevador privativo. No último andar, lá no alto, um "afrancesamento" da arquitetura: os donos exigiram uma mansarda para os empregados, que desciam e subiam as escadarias para atender os proprietários e seu filho.
"As linhas neoclássicas da fachada, marca do estilo do escritório de Ramos de Azevedo (falecido em 1928, não viveu para ver a casa pronta), se mistura a elementos do art déco corrente, já influenciada pelas vanguardas europeias, como o cubismo", explica Carlos Fernando. A expressão disso está nas pátinas, no mobiliário trazido do exterior, mármores cor-de-rosa e no piso de madeira em tacos mesclados. Carlos pretende, ainda em 2009, reunir móveis de época para mostrar, em alguns cômodos da casa, como era viver ali.
Fonte: O Estado de São Paulo
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