Comparação

Em 2007, eu escrevi:

"Fico pensando como eu queria a minha casa.

Uma casa que recebe amigos para conversar, comer e ver filme. Recebe também as famílias, minha e dele, e as torna uma só.

E se a visita for inesperada, também não haverá problema, porque na minha casa sempre terá algo gostosinho para servir e deixar qualquer um à vontade.

Tudo isso com capricho. Belos pratos, copos e baixelas.

Um lugar acolhedor, onde se possa cair no sofá para abrir o coração. Também confortável, com uma cama aconchegante para tirar uma soneca gostosa. Um ambiente limpo e cheiroso. Tudo claro, com flores naturais para alegrar o coração.

Minha casa terá decoração de Natal, com guirlanda na porta e luzes para brilhar durante a noite.

Haverá ainda fotos, para que eu me lembre sempre de pessoas queridas e momentos bons."

Vamos rever as coisas agora.

Gosto sim de receber pessoas na minha casa, amigos ou família. Só que fico tão neurótica para que tudo dê certo e eu seja a anfitriã perfeita que acaba sendo cansativo demais convidar pessoas para vir para cá. Então, acabo convidando sempre os mesmo e cada vez menos vezes e menos pessoas.

E na minha casa sempre algo tem algo gostoso para servir? Bem, quase nunca tem o básico para comer. Não entendo como minha dispensa consegue ficar vazia tão rápido.

Meu sofá é acolhedor. Nem sempre está tudo limpo, mas tento deixar com cheirinho bom. No Natal, minha casa parece um shopping de tanto enfeite. Agora fotos, quase não tem.

Mas a principal diferença entre o que eu sonhei e o que eu tenho é: pessoas. Sempre quis uma casa com pessoas ao redor. No entanto, passamos a maior parte do tempo só nós dois mesmo. E acho isso ótimo, mas ao mesmo tempo eu queria ter companhia. Contradição total.