segunda-feira, 2 de abril de 2007

Confissões

No filme "A Prova", em uma conversa entre o pai e a filha, ele pede para ela fazer a conta de quanto tempo ela perdeu ao ficar depressiva, largada na cama o dia inteiro. Achei de uma crueldade isso.

Hoje foi mais um dia para minha conta pessoal. Uma vez me disseram que eu deveria ser grata pelo dia ter passado, pois poderia ser pior, poderia ainda ser de manhã. Assim tem sido meus dias: horas infindáveis para matar. E quem mata o tempo está matando a vida, porque é de tempo que ela é feita. Não é assim a frase?

Não atendo ao telefone, não entro no msn, navego pela net, vejo tv, faço planos para o dia seguinte sabendo que não vou cumprir nada, passo o dia inteiro comendo tudo o que vejo pela frente. Tudo isso entre uma lágrima e outra.

Não quero mais tomar remédio. Não acho que esteja dando resultado. Não estou melhor e ainda tenho que sofrer os efeitos colaterais. Fico constrangida por estar sempre suada. Isso é o que mais me incomoda. Chego até a sentir falta da garganta seca. E tudo isso para nada. Continuo perdida, continuo chorando, continuo estranha. Quando comecei com os remédios, eu dizia para minha terapeuta que tinha medo de não melhorar nunca. Dois meses depois e esse medo é cada vez maior.

Li em algum lugar na internet um texto em que o autor dizia ter se acostumado com a cosntatação de que ele nunca seria feliz. Depois disso, ele passou a tentar tirar o melhor da infelicidade. Bem, talvez seja isso o que eu deva fazer: aprender a conviver com este estado de espiríto.

A maior dor é pensar que meu namoro está indo pelo ralo. Não sei quanto tempo vou aguentar manter essa mentira. É tudo uma grande mentira. Eu sou uma mentira. Como conviver tanto tempo com uma pessoa sem deixar transparecer o que se passa dentro de mim? Como conter o choro, segurar as lágrimas, sorrir?

E essa mentira é o tempo todo, com todo mundo. Como conversar com um amigo pelo msn e responder que está tudo bem? Vejo o recado que minha mãe me deixou, mas como confessar para ela que não estou melhor? Além de não resolver nada, eu ainda a deixaria mais preocupada ainda. Quantas vezes me senti obrigada a responder que estava melhor ao ver a expressão de preocupação da minha prima. E tem essa mágoa de me sentir abandonada por todos, em especial pelo meu irmão que não entende o meu choro.

Não tenho com quem conversar, não tenho ninguém para me socorrer. Por mais que eu penso em ligar para alguém, sinto que vou encontrar do outro lado da linha censura. O que vão me dizer? Que eu não tenho motivo para chorar, que eu tenho que me esforçar, que eu não devo chorar. Nada disso vai me ajudar. Eu só precisava de alguém que acalentasse meu choro, sem dizer nada, sem esperar nada, sem cobrar nada, sem sofrer por mim.

Preciso ir deitar antes que meu irmão chegue em casa. Não quero que ele veja meu choro.

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segunda-feira, 2 de abril de 2007

Confissões

No filme "A Prova", em uma conversa entre o pai e a filha, ele pede para ela fazer a conta de quanto tempo ela perdeu ao ficar depressiva, largada na cama o dia inteiro. Achei de uma crueldade isso.

Hoje foi mais um dia para minha conta pessoal. Uma vez me disseram que eu deveria ser grata pelo dia ter passado, pois poderia ser pior, poderia ainda ser de manhã. Assim tem sido meus dias: horas infindáveis para matar. E quem mata o tempo está matando a vida, porque é de tempo que ela é feita. Não é assim a frase?

Não atendo ao telefone, não entro no msn, navego pela net, vejo tv, faço planos para o dia seguinte sabendo que não vou cumprir nada, passo o dia inteiro comendo tudo o que vejo pela frente. Tudo isso entre uma lágrima e outra.

Não quero mais tomar remédio. Não acho que esteja dando resultado. Não estou melhor e ainda tenho que sofrer os efeitos colaterais. Fico constrangida por estar sempre suada. Isso é o que mais me incomoda. Chego até a sentir falta da garganta seca. E tudo isso para nada. Continuo perdida, continuo chorando, continuo estranha. Quando comecei com os remédios, eu dizia para minha terapeuta que tinha medo de não melhorar nunca. Dois meses depois e esse medo é cada vez maior.

Li em algum lugar na internet um texto em que o autor dizia ter se acostumado com a cosntatação de que ele nunca seria feliz. Depois disso, ele passou a tentar tirar o melhor da infelicidade. Bem, talvez seja isso o que eu deva fazer: aprender a conviver com este estado de espiríto.

A maior dor é pensar que meu namoro está indo pelo ralo. Não sei quanto tempo vou aguentar manter essa mentira. É tudo uma grande mentira. Eu sou uma mentira. Como conviver tanto tempo com uma pessoa sem deixar transparecer o que se passa dentro de mim? Como conter o choro, segurar as lágrimas, sorrir?

E essa mentira é o tempo todo, com todo mundo. Como conversar com um amigo pelo msn e responder que está tudo bem? Vejo o recado que minha mãe me deixou, mas como confessar para ela que não estou melhor? Além de não resolver nada, eu ainda a deixaria mais preocupada ainda. Quantas vezes me senti obrigada a responder que estava melhor ao ver a expressão de preocupação da minha prima. E tem essa mágoa de me sentir abandonada por todos, em especial pelo meu irmão que não entende o meu choro.

Não tenho com quem conversar, não tenho ninguém para me socorrer. Por mais que eu penso em ligar para alguém, sinto que vou encontrar do outro lado da linha censura. O que vão me dizer? Que eu não tenho motivo para chorar, que eu tenho que me esforçar, que eu não devo chorar. Nada disso vai me ajudar. Eu só precisava de alguém que acalentasse meu choro, sem dizer nada, sem esperar nada, sem cobrar nada, sem sofrer por mim.

Preciso ir deitar antes que meu irmão chegue em casa. Não quero que ele veja meu choro.

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